quinta-feira, 12 de outubro de 2000

SAUDADES DA MINHA VILA





Vila Nova de Foz Côa


 
SAUDADES DA MINHA VILA




Rodeavam sorrisos de lábios afilados descarnados, outros grossos de sangue encarnados como pétalas bordados viçosos, semeados abraços de contornos apertados juntos ao peito de ternos impulsos que um dia se haviam acabado… 

Substituindo o riso do povo, pela cascata de água em queda livre num mero ímpeto de saltar o morro, aquando da minha saída… não quero lembrar esse dia.
Beiços de sorrisos que eu recordo com saudades, onde não vejo em mais nenhum lado do planeta, misturados em flores agreste ou vales de amêndoa florida alva sem idades, da mulher de vestidos preto na originalidade da terra, ou o homem transmontano de varias classes que vem da serra…
Sorrisos que me vão na alma, como colheres de mel tonificando minha calma, no silêncio do meu sentir, que me dão vida para continuar minha caminhada e sorrir… sorrisos dos meus sentidos, da paixão gravados e impressos como cachos de uva tinta, substituindo o sangue… colheita da minha vida, quase extinta.
Não importa se as estações do ano mudam, se o século vira e se o milénio é outro, se dificuldades surgem, se a idade avança; em lugar algum se chega, sem conservar a vontade de viver.













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