segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A NOITE DAS DUAS LUAS







A NOITE DAS DUAS LUAS



INTRODUÇÃO
I




À volta da Terra girando nuas…
era uma noite azul
na parte frontal da lua,
no arco de trás virada para o sul…
a lua era nova e escura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra de ideias confusas
era uma noite azul inteira…
no andar superior da lua
e parte inferior lua cheia,
crescendo e minguando insegura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra como bruxas…
era uma noite azul celeste nua
no total eclipse da lua,
crescente e minguante duplamente,
inquietas mudas da lua seguidamente,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra com voltas suas,
era uma noite azul maravilhosa!



De tantas voltas a lua
andava de cabeça à roda,
com tanta volta em fuga…
ra Noite das Duas Luas.







Era uma vez Blue Moon… uma flor, minha lua azul do amor.

 Blue Moon, era uma noite da lua azul, lua do amor, o único período em que dois seres se encontram na Noite das Duas Luas e sofrem de dor, com ausência de corpos na sua presença. 

Ritual que torna um acordado e outro sepultado adormecido, quebrado se um dia o feitiço… juntar as duas luas numa lua cheia e não em separado, se dois amantes despertos, em união, como apaixonados eternos, seriam lá para o sul, o avivar da noite da lua azul… e o quebrar da maldição.

Triste destino de duas almas no vazio duma triste figura…
Sobre elas, foi lançada a danação e como uma lenda vão cumprindo a profecia no lado oculto da lua, um isolado coração. 

É que no sítio lunar, está enterrado o segredo que contém esses dois corações de sentimentos profundos, e a vontade duma voz dizer:

«… Prometam casar numa noite de lua azul, e jurem um dia sobre a minha campa numa noite de duas luas, uma lua cheia de amor, e não quebrem a promessa de amar que dá azar… e desamor com feitiços de bruxas, vos trarão morte de figuras.»



CAPÍTULO I




Blue Moon, era uma noite de lua azul, a noite das duas luas… 

Sonhei que um dia, estava sentado num dos bancos de granito de um monumento de pedra circular, não mais do que três metros a partir do centro, era uma noite de lua cheia, a noite das duas luas…
Numa das colunas, imbuído o corpo de uma mulher bela e cabelos profundos, de olhos redondos.
Eu conhecia aquele rosto não sabia donde… 

Levantei-me e esfreguei suas faces, retirando o pó que punha a descoberto mais beleza escondida.
Pareceu-me ver um piscar no olhar, mas como era noite de lua azul, logo vi que a imaginação era um desejo vivo… 

Eu amava aquela mulher não sabia donde… que noite duas luas era aquela?
Ao tentar lembrar-me fixando aquela imagem, ia acariciando suas faces. Inconscientemente pedi ao meu arcanjo Gabriel que viesse do céu ajudar-me e mais do que lembrar-me, perguntar porque era noite daquela lua?

E assim perdido nos meus pensamentos, lembro-me que antes de adormecer, me pareceu ver umas asas enormes bater…
E ao acordar a mulher de quem eu me queria lembrar, estava ali à minha frente de mão estendida, dizendo que tinha quebrado o feitiço ao esfregar suas belas faces – ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o feiticeiro do seu amor.




CAPÍTULO II




Nisto, acordei do sonho, e vi a mulher bela de cabelos profundos e olhos redondos sentada naquele banco de granito. 

Estava à espera de outra noite de luar para esfregar minhas faces naquela coluna incrustada, e novamente, logo soube quem era aquele ser amante de uma lua e outra lua ao ser amado.

De tamanho feitiço… enquanto um vive, outro sonha dentro da laje fria, depois o que vive sonha por sua vez, e quem sonha torna a viver na próxima noite da lua cheia, a noite das duas luas… enquanto um vive outro morre emparedado, estranho destino.
Aquele banco não é um sonho ou desilusão, é a espera da entrada das duas luas, da sua dor, a sonhar com dois corações pregados de paixão, de tanto amar uma cruz com tanto amor.

Predestinado para outras linhas seguidas, serão os ventos testemunhas das rectas encurvadas da vida… as paixões serão contínuas, mas o amor com todas as letras escritas, alcançarão por último duas vezes intercaladas, o sofrimento de espinhas na alma cravadas.

Será que só me resta amar sozinho e esquecer Blue Moon?
Não. Não vou receber algum destino, vou lutar… e o fim só entra se vencer toda a vontade, e não estou disposto a ceder, porque da intenção não há falecimento que me faça parar, e o momento da minha partida decido eu…  viver o instante intensamente como se fosse o ultimo, porque não sei conviver sem amar.
Ao encontro dela, vou enlaçar eternamente Blue Moon, o amor que me dá vida.




CAPITULO III




Para bom entendedor meia incompleta alma não basta, mas duas almas numa… quando se trata de dissolver o nunca, completa a graça, gera o amor com energia – é a fonte da vida enxuta, é amor sem dúvida nenhuma.
Assim é o ser da minha lua, existência que separa a vida da minha… nossa alma e sua.

Só tenho metade da minha lua no coração que subsiste, a outra metade é doutra lua que amei e já não existe…
São duas metades repartidas por dois amores com tamanha paixão… Agora já não sobra mais coração. 

É um relógio com ponteiros parado, sem batidas de permeio, um pacemaker que marca-passo, mas não sente o mundo inteiro…
O automático está avariado. Conseguirei bem-querer de novo sem este órgão?
Poderá alguém responder sim, uma vez única… afirmar ao dizer de mim, o que não quero então, que diga não… isso nunca!

Era uma vez Blue Moon… uma flor, ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o prisioneiro do seu amor.