quarta-feira, 9 de dezembro de 1998

FARINHA AMPARO





/EM ESTARREJA/
FARINHA AMPARO





Há quem se lembre ainda da farinha 33 e tenha provado esta delícia?
Recordo os brindes com uma ansiedade, que mal podia conter desejos ao inventar meus mundos… dava tantos beijos para fabricar amor sem precisar de Deus na Terra, que era eu Zeus, rei estátua na perfeição.
… Havia galinhas que punham ovos e soldadinhos que marchavam e davam tirinhos, camionetas com atrelados e helicópteros que paravam no ar sozinhos… navios que mareavam em cima do tapete do meu quarto como se ondas o tivessem atravessado, havia romances de bonecos, namoro entre homens e mulheres transformados em corações de carne e amor de apaixonados.
Havia a Terra, a lua, o sol e o mar todos com gravidade, suportados por mim e manuseados com muito cuidado para não alterar o estado e a forma como foram criados, senão acabaria o mundo aqui…
Eu não podia interferir nos seus mundos, queria amá-los com paixão os amores que o amor de uma criança ama, com a inocência da idade, porque é puro e tem tudo um pouco de Deus imaculado e sem pecado, ascendentes que nem o homem há-de conseguir obter.
O amor faz mover tudo e só uma criança pode ter todo o amor que há no mundo, ele é um deus profundo e tem todas as estrelas do Universo no coração, porque ele ama tudo em tamanho gigante e não é disperso nem tem a acidez do limão …