quinta-feira, 11 de maio de 2006

VENTO



VENTO


Anda à deriva
por vezes certo isento
tudo quanto é sítio porfia…

Como o mundo sem tempo
leva tudo de fugida.

Espalha a proveniência caída
semeando raízes incertas
por vielas das terras

Rosa-dos-ventos sentida.

Por vezes em fúria e aos gritos
ouvem-se vozes em vão

Como um trovão
deixa tudo destruído
sem penas, cercas ou avisos.

Disfarçado de anjo aos bocadinhos
vem mascarado
parece meigo e tão pequenino
na arte inocente do diabo.

Anda mansinho de boca em boca
fazendo de assobio…

Mareando velas e popa
puxando bois pelo caminho
com toda sua invisível força.

Tudo pega
nada fustiga
porque suas garras de manteiga
por vezes embala a cria
quando nasce o dia à sua beira…

E descansa ao sol noutra cena
sem murmúrios doutra era
e até dá pena
no silêncio do deserto.

…. Nunca fiando na sua cama
porque quando se levanta...

Ele é desperto...


Por vezes triste fantasma
outras, cabelos no ar
gravação de quem passa


vida e passado, rasto de mar...