sexta-feira, 6 de junho de 2003

EXÉQUIAS DE MIM







EXÉQUIAS DE MIM





Por vezes apetece-me morrer no sentido figurado… ressuscitar… amar a vida e a morte. Se desconheço a mim próprio, talvez desaparecendo me sinta mais próximo daquilo que eu sou… e consiga desvendar a alma ao voltar de novo a esta vida.

Estou só, não faço falta a ninguém, a não ser nada a mim mesmo. 
Que ironia a minha desta outra volta, talvez seja mau para outros tentar vivendo nesta forma lenta de ir morrendo… sem choros nem risos de histórias.
É como se estivesse a ver o meu espírito antecipando a minha morte sem remorsos…
E depois, claro está, ressuscito!
... quando ninguém está à espera.

Antes... é o desencanto dos segredos, a pena disfarçada, o traje a rigor no caixão, as crónicas dos familiares e as larachas… o vão lamento de ter partido e o episódio final da cova. Depois, o alívio dos que me rodeiam, um ou outro suspiro, o retomar da vida.

A recordação dos que me amam fica gravada na lápide com votos de amor, a data da vinda e da saída… as folhas do Outono, os séculos esquecidos... se não houver obra nem forma de vida.