quinta-feira, 2 de novembro de 2017

ATÉ UM DIA DESTES












ATÉ UM DIA DESTES







Esperar o quê? De que outras vias?
Não espero nada das vidas
mesmo que ouça gritos
de mãos estendidas,
eu já perdi tudo…
não tenho nada, de tantos suspiros,
nem a voz do meu mundo.



Esperar o quê duma voz amiga?
se ela existe passou ao lado,
o mundo de cada um é tudo
e do suposto amigo – nada.
Nesta hora perdi o mundo
e no meio das flores adormecida
meu universo, minha mãe querida.



Não espero, não sou insensível,
mas por mais que queira dar
eu perdi quem mais queria amar,
a dor é impossível
dolorosamente acesa,
não preciso da culpa, da pena,
mas da minha mãe inesquecível.



Esperar o quê dos caminhos?
Já nenhum faz sentido,
perpétuo, imorredoiro, frio…
já só a laje de mármore vazia
à minha espera da vida,
o encontro dos espíritos
o filho ao encontro da mãe querida.



Só nesse dia minha alma descansa
eternamente feita esperança,
beijar no seu leito as lágrimas
de felicidade e florida cor
por estar juntas nossas almas
poisando-lhe no regaço uma flor
para sempre abraçados com amor.



Esperar o quê… já não faz sentido,
não sentir o seu calor
o seu maternal amor
não a ver ao vivo…
eu já perdi tudo
o olhar aquecido,
o meu mundo.