quarta-feira, 4 de junho de 1997

RETRATO

Poucas semanas de vida



MOSCAVIDE
RETRATO







Deixa-me ser assim pequenino, bebé eterno no meu retrato, vivendo no mundo sem antiguidades nem humanidades complicadas.
Deixa-me ser a foto da criatura naqueles olhinhos de sono nos braços da sua protegida, a única palavra que ninguém lhe ensinou nem tradução necessita, envolto naqueles galhos ternurentos, que é amor doce de Mãe.

Deixa-me ser assim eternamente pequerrucho, viver no meu retrato o carinho daquele peito aconchegado, no afeto envolto em abraços daquela voz melosa e quente… 
Deixa-me, peço-te.

Deixa-me ser como aquele retrato, sempre menino daquela idade, ser querido por entre beijos e calores humanos sem crescimentos de idades, com aquela felicidade de viver o perpétuo, constante coração amado.

Deixa-me viver dentro do passado, tu que podes parar o tempo embalsamado… nos braços do meu retrato.
Deixa-me, peço-te.
















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