Poucas semanas de vida
MOSCAVIDE
RETRATO
Deixa-me
ser assim pequenino, bebé eterno no meu retrato, vivendo no mundo sem
antiguidades nem humanidades complicadas.
Deixa-me
ser a foto da criatura naqueles olhinhos de sono nos braços da sua protegida, a
única palavra que ninguém lhe ensinou nem tradução necessita, envolto naqueles
galhos ternurentos, que é amor doce de Mãe.
Deixa-me
ser assim eternamente pequerrucho, viver no meu retrato o carinho daquele peito
aconchegado, no afeto envolto em abraços daquela voz melosa e quente…
Deixa-me,
peço-te.
Deixa-me
ser como aquele retrato, sempre menino daquela idade, ser querido por entre
beijos e calores humanos sem crescimentos de idades, com aquela felicidade de viver
o perpétuo, constante coração amado.
Deixa-me
viver dentro do passado, tu que podes parar o tempo embalsamado… nos braços do
meu retrato.
Deixa-me,
peço-te.
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