quarta-feira, 6 de agosto de 1997

VIM POR ENGANO





Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa.




VIM POR ENGANO






E... o que se vive dormindo, eu sempre consegui vivendo acordado.




Sonhando em vida, pela antecâmara divina vim a correr perdido.
De princípio...?
Vim por engano. não era para ter vindo… humano.
Entre meios por meios indevidos fui trocado. 
Quiseram mudar o lugar para não ser conhecido (talvez demais desvendar o passado é o mesmo que saber do futuro), deram um nome igual e o sangue também era parecido, enfim, fui recolhido.


Purificava minha alma no jejum das coisas terrenas /acompanhava a beleza da natureza/ vivia apenas com o sentido de ser leve na minha transparência, partindo com minhas asas invisíveis para sentir a pureza do mundo como um anjo... dormitando na minha nuvem almofadada e sonhando… sonhando… 



A partir daqui, o real é vivido nos intervalos e a realidade do sonho o tempo acordado de todo o filme da vida.



Voltei... ao princípio de novo comecei. 
Com olhos de criança vi tudo aquilo que sonhei, que havia na imensidão humana outros mundos perdidos, coisas que eram belas doutras partes na lenda, seria desengano?

Era humano apenas no pó da terra, perante o olhar de entes temerosos. 
Sabia que eram poderosos, segredos que em mim encerram, com medo de perderem o domínio que não lhes era, e o significado mãe ventre que tudo gera – senão fora descoberto, era sem pudor o simples amor, maior grandeza da Terra, pecado por ser engano.


















quarta-feira, 2 de julho de 1997

O OUTRO “EU”






O OUTRO “EU”





EU, SOU DO SIGNO GÉMEOS
NASCIDO DO VENTRE SONHO.
EUBALANÇA, É UM GÉNIO
IRMÃO D'ALMA, NÃO CORPO.

SOU EU, E EU NÃO SOU
DESTA VIDA, MAS DA MENTE;
UM E OUTRO SOUTAL AVÔ!
PURO, MORTO, VIVO, GENTE.

DE FORA, CHEIO DE VENTOS
MAS NO REAL - UM PIGMEU,
SE DENTRO POR MOMENTOS

EXISTE O QUE É E NÃO É MEU,
ESPÍRITO ENTRE SENTIMENTOS,
COMO ASSIM? EU E OUTRO “EU”














quarta-feira, 4 de junho de 1997

RETRATO

Poucas semanas de vida



MOSCAVIDE
RETRATO







Deixa-me ser assim pequenino, bebé eterno no meu retrato, vivendo no mundo sem antiguidades nem humanidades complicadas.
Deixa-me ser a foto da criatura naqueles olhinhos de sono nos braços da sua protegida, a única palavra que ninguém lhe ensinou nem tradução necessita, envolto naqueles galhos ternurentos, que é amor doce de Mãe.

Deixa-me ser assim eternamente pequerrucho, viver no meu retrato o carinho daquele peito aconchegado, no afeto envolto em abraços daquela voz melosa e quente… 
Deixa-me, peço-te.

Deixa-me ser como aquele retrato, sempre menino daquela idade, ser querido por entre beijos e calores humanos sem crescimentos de idades, com aquela felicidade de viver o perpétuo, constante coração amado.

Deixa-me viver dentro do passado, tu que podes parar o tempo embalsamado… nos braços do meu retrato.
Deixa-me, peço-te.