terça-feira, 12 de julho de 2005

DESCOBERTA DE VERA CRUZ /BRASIL/








DESCOBERTA
DE VERA CRUZ
/BRASIL/







Vislumbre global do contemplar
em horizontes de palma aberta…
Futuros amenos bruxuleantes do ondear
por ravinas d' Impérios despindo o caos.
Não são olhares perdidos da montanha que cega…


  Os dias vindouros não são exatos,
os silêncios de ouro que vêm do nada…
O emudecimento do charco de águas cristalinas
banham corpos enregelados pelo bater dos braços.

E vem a febre das águas frígidas
gélidas, arrefecidas, frias! Frias!
Como faísca atroa, resfolega como ó raio!

Fátuo passageiro, aziago, que volve ateada nuvem…
Divina onda salgada!
Magia de círculos em ouro sonhando
por cima do ar serpenteando
ondeando como o cisne do lago…

Barco à vela que foste inventado!
Desce à terra do Atlântico!
Com enfeites e corpos em liberdade...
Olhem pró-homem do mar!

Por entre vislumbres de seda
admiram a inútil avidez do cheiro.
Não vêem o lugar da natureza…
Acabou a paz no Oriente pela guerra.
Do Ocidente da terra…
. Arreia marinheiro!
Arreia!

Em linguagens diferentes
traduzidas pela língua em presentes
cobiça vã disfarçada em riquezas…
donde vem a grande Vela?

A nave balança no seu erguer
e o conquistador Cabral
sagra-se em tons dourados…

O pano arfando ao vento
majestosas Quinas de Portugal. 

Anuncia-se aos quatro ventos:
- O fidalgo foi coroado!
Uma voz próxima do trono sussurra:
- Mais uma terra do reino Senhor!

Espicha o cintilar da luz enfeitada
refulgentes asas perdidas pelo gládio…
Depois vem a paz e a dança da música
por entre ramos de palmeira semiescura

Olhares desconfiados...
índios nus...
temerosos passos…
desertos fugazes...
tranças pelos ares…

Vã cobiça d’oiro com chama luzente
todo enraizado de orgulho na mente
toda a paz de alma desaparece…
E grita-se tamanha vitória à espécie!

Por entre histórias de aventuras
sobressaindo o vermelho das dunas
logo baixa o nevoeiro fantasma
volteia a neblina que passa…
Descendo, vem algo do coração
estaca, enterra saudade...
  O Novo Mundo… sagacidade.

Teu pavor de partir marujo
  o eco de ti ao mar hisurto.
Desfralda a bandeira
ao vento na tua fileira…

Portugal!
Avança!
Poente voz do Ocidente
  canta o hino de luz.


Terra Santa!


Tua voz coragem sente

 Terra de Vera Cruz.

















domingo, 12 de junho de 2005

AFOGADO







AFOGADO




Foi encontrado dentro
dum cubo de gelo…
Os pêlos escorrendo
a cabeça, as mãos e o cabelo.

O cubo estava estalado
as mãos crispadas,
um olho era vidrado
e o gelo umas vidraças.

Só existia no cubo
duas mãos e o cabelo
e a cabeça no fundo,
o resto do corpo, nem vê-lo.

Como era possível
um corpo muito sensível…
Milhões de anos afogado
estar em bom estado?

A culpa era do gelo gelado
que tudo tinha conservado.
Na cabeça, cabelo, mãos e dedos
era um frasco, álcool e segredos.