DISCURSO
DA NOITE PESTE-NEGRA
~
Que importa?
Chegaste.
/Em Abril, branco
pueril, imagina! /
Lá fora, tudo como
sempre.
/Cai neve derretida. /
Fácil… conforme és
quente.
/No silêncio de ambos
passa a chuva…/
Amparada, pões-te à
parte.
/ E só me lembro de
amar uma miúda. /
Tens medo de misturar
tantas voltas de
fulgor,
tens pavor de cair no
mar,
com tontas cruzes de
amor.
Já nem lágrimas
arrefeces.
Palavras frouxas de espinhos
quase cravos vivos
caindo leves.
Estrelas que lembram
adivinhos.
/Conheço esse vazio/
Tu aí, eu aqui, e
todas as espécies,
/Cumplicidade, erro
contido…/
e sem teu mundo
amanheces.
/Não é triste viver o silêncio?
/
Proteção, carinho,
acomodação…
/O bater dum tic-tac
lento/
A moleza que vai no
coração…
/A angústia palpitante
do sonho/
Pode ser desabitado,
bem seguro.
/O sangue da tua vida,
e um amor oco…/
Mas onde está o amor do
teu mundo?
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