sábado, 12 de março de 2005

SERES IMPERFEITOS





 
SERES IMPERFEITOS






Tudo que é bem negro… é como carvão transparente, não é bom agouro de tão preto, tão destruída semente, mau presságio… donde virá tal adágio?
Os passos que pairam no ar, ruins na passagem, não se convencem da partida. Agem, discutem, querem permanecer, mas têm de recolher teimosos à margem da atividade, entre o limiar do que é bestialidade e a prisão do espaço ocupado, permanecendo num círculo infernal, num raio determinado.

Duplo não vivente dos lados, se esconde quem está acompanhado, fecha a cortina da janela… sai do profundo da caverna, rasga eternamente os espaços, vem das trevas loucamente secreto em agitado movimento… rasgado fundo do inferno.
Pretendem sair da penumbra inquieta, quietos à luz sol da lua à sua espera, debaixo de um guarda-chuva, como aguarela diluída numa pintura.

Tencionam deixar a escuridão, na qual foram criados, mas não estão acostumados, por se misturarem disfarçados como vultos da invenção… coisas suas tenebrosas…sombrios dentro e por fora, zunindo entre manchas voadoras - Tsé-Tsé de asas brancas como moscas… discutindo sonos por entre escuras vassouras, hibernando nos labirintos de esgotos em sujas chaminés pecaminosamente imundos. 

Vivos quando alguém repara… seus círculos e sons terrivelmente esquisitos, sem braços nem semblante, com vestes ao vento como fantasmas escuros, aflitos, e no lugar que serão olhos… mundos malditos.


















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