/EM SANTARÉM/
A BUSCA DA ETERNIDADE
"Sentindo o
vermelho viscoso queimado, um calor no corpo todo, foi como se tivesse atirado,
deitado a alma fora no ar solto. Caí em cima da
cama, adormeci num ápice tal e qual, perdi os sentidos e vi uma iguana…
Senti uma
chama como fogo devorando meu espírito, voltando à minha posição fetal, todo
encolhido, sob o olhar do camaleão... lambendo minha mão.
Sonhando, ou
vivi, dei de caras com a minha personagem, com o rosto de mim.
Estava ali à minha frente na imagem…e então vi… éramos dois iguaizinhos a um, se tirasse o real por entre o sonho, ficava a realidade a sonhar e um de nós não via outro nenhum, a não ser fantasia no olhar sem rosto clivado como um ombro, com olheiras negras… de meter medo ao espelho das incertezas – um monstro.
Estava ali à minha frente na imagem…e então vi… éramos dois iguaizinhos a um, se tirasse o real por entre o sonho, ficava a realidade a sonhar e um de nós não via outro nenhum, a não ser fantasia no olhar sem rosto clivado como um ombro, com olheiras negras… de meter medo ao espelho das incertezas – um monstro.
Viajando
dentro do corpo, o sangue correndo de artérias viscoso assisti quase morto à
seiva subindo e descendo naqueles vasos esponjosos, de tanto encarnado porosos
inundando toda existente ramificação, pulando vivo cem por cento no ribombar
ensurdecedor do coração batendo na sombra… como o tambor da bateria no som
“baixo” nada “grave” e violento, como uma bomba.
Viajando
fora do corpo, elevando minha alma lá no alto, via-me deitado na companhia de
mais corpos, todos cheios de estrelícias dourados, da família dos musáceos como
cachos soltos.
Meu espírito
observando também sonhava, estava sob efeito na forma de anestesia, e nunca
pensou que algum dia sua espiritualidade se embriagava, mesmo apartado da
matéria viva.
Vivi
sonhando, morri vivendo de vez em quando…"
«««
Acordei
pensando
no sofrimento voltando aos meus sonhos vivendo. Vivo o anormal, e não
consigo estar acordado se fujo do que não gosto… o mundo é
demasiado evidente, tosco e pachorrento.
Quero dormir o sono eterno da saudade, tudo o que eu vivi
quando fui amado.
Sonho que
estou a ser embalado pela espuma doce do mar, morro nascendo no passado insano…
Com
o sangue
fervendo - não quero acordar, mas o choque da fatalidade que me cerca, e
o que sendo não sou, é uma verdade insofismável, e desperto como um
amofinado da morfina para voltar desinteressadamente à minha forma
rotineira...
O que me mantém vivo nem eu sei porquê, senão a espera contínua do desconhecido aventureiro suicida. A minha salvação se é que ela existe, reside apenas num principio comun e banal - ser compreendido. Parece ridícula esta palavra como ridícula é a minha vida aos dezanove anos, depois de sair da terra e das pessoas que mais amei, substituídas por outras que possuí e deitei fora sem me aperceber da indiferença dos meus actos.
A mudança que eu tanto anseio, a compreensão que espero de Deus, será o descanso da minha alma junto dos seres que se encontram no abraço da sua eternidade... o desejo e o encontro onde reside a minha felicidade.
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