/Em Vila Nova de Foz Côa /
SORRISOS
Rodeavam
sorrisos de lábios afilados e meios descarnados, outros grossos de sangue encarnados
como pétalas bordados e viçosos, semeando abraços de contornos apertados, juntos ao
peito de ternos impulsos que um dia se haviam acabado…
Substituindo o riso do povo, pela cascata de água em queda livre num mero ímpeto de saltar o morro aquando da minha saída… não quero lembrar esse dia angustiante...
Beiços de
sorrisos que eu recordo com saudades, onde não vejo em mais nenhum lado do
planeta, misturados em flores agreste ou vales de amêndoa florida alva sem
idades, da mulher de vestidos preto na originalidade da terra, ou o homem
transmontano de varias classes que vem da serra…
Sorrisos que
me vão na alma, como colheres de mel tonificando minha calma, no silêncio do
meu sentir, que me dão vida para continuar minha caminhada e sorrir… sorrisos
dos meus sentidos, da paixão gravados e impressos como cachos de uva tinta,
substituindo o sangue… colheita da minha vida, quase extinta.
Não importa se as estações do ano mudam, se o século vira e se o milénio é
outro, se dificuldades surgem, se a idade avança; em lugar algum se chega sem
conservar a vontade de viver... eu amo estas gentes do Côa, e um dia quero ficar por lá adormecendo entre o sorriso deles...
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