/EM SEIA com 7 anos de idade/
O JARDIM
A casa onde
vivia… modestamente inclinada numa via secundária, recebia em frente a estrada
principal que seguia atravessada…
Para a
direita a saída, na esquerda a entrada para a vila.
Ao virar da casa
pela esquina, no lado direito havia um largo grande de terra direita, ao meio a
rosas-dos-ventos indicando os pontos cardeais com a figura de um galo, e no
final um muro esguio da minha altura que dava para o estradeiro, e de lá de
baixo parecia muito alto.
No lado
direito, também era cercado por um tapamento de pedra e cimento que dava para
me sentar.
Ao canto,
uma entrada, com uma escadaria pegada ao muro, isolada do lado contrário para
se pôr as mãos ao descer…
Dali se
avistava um pequeno jardim rodeado de árvores majestosas com vários
caminhos cruzados entre si, como um labirinto, e ao centro uma estátua da cor
do marfim.
Estava quase
sempre vazio e no Outono completamente deserto…
Únicos
indícios de vida, folhas caídas, e as minhas corridas cheias de alegria por ter
aquele mundo só para mim.
Era só no
Outono à tardinha quando vinha da escola que eu me sentia bem ali…
Ouvia risos
como o meu e vozes cheios de segredos juvenis, escondendo-se nos cantos do
jardim, enquanto ouviam a contagem dos números num cântico celestial até cem, e
eu via tantos meninos como eu sorrindo e brincando comigo também; eram dois
mundos, o meu e o deles juntos num só…
De repente,
ao parar ofegante no centro do jardim, o menino de pedra naquela estátua,
olhava de frente para mim, com umas asas que não voava, olhos tão tristes que
até magoava, um jorro de água fina que pela boca ia, uma perna encolhida e
outra pousada como se tivesse acabado de chegar, uma mão estendida e outra no
descanso do ar…
E as outras
crianças que vinham atrás de mim, também pararam, e ao seguir o meu olhar num
silêncio profundo bafejando, sentiram a angústia daquele lugar… daquela estátua
e daquele garoto, que era rapaz moço… Arcanjo.
Então, um
deu a mão, outro pegou, automaticamente outro imitou, eu juntei meu coração, e
todos juntos num círculo, fechámos nossa visão, concentrámos nossas mãos
naquela estendida que há tanto tempo esperava outra mão amiga.
Quando
descerrei minhas pálpebras, meus olhos viram o menino de asas pequeninas ser
abraçado por outros meninos… com um sorriso de amor beijando meu sorriso de mão
estendida.
Feliz, veio me abraçar, puxando-me na sua corrida para brincarmos à escondidas na companhia de outros meninos, fantasmas... e anjinhos de asas branquinhas.
Feliz, veio me abraçar, puxando-me na sua corrida para brincarmos à escondidas na companhia de outros meninos, fantasmas... e anjinhos de asas branquinhas.
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