sábado, 3 de dezembro de 2016

MENSAGEM DE NATAL








MENSAGEM DE NATAL






Nesta quadra de 2016, lembro-me sempre dos seres humanos que mais impressionam profundamente o meu coração.
Por eles passei dezenas de vezes sentados ou deitados nos passeios da Baixa de Lisboa…

Por eles passam centenas de pessoas indiferentes à sua solidão, vestidos de trapos sujos, mas de alma limpa.

Nos dias quentes, apáticos à queima do sol acumulam o calor para sustentarem as noites frias.

Os olhos mirando o abismo profundo da tristeza sabe-se lá em que direção da sua alma negra… seres humanos abandonados à crueldade do mundo.

Ao passar por Eles, senti tantas vezes calafrios na espinha, uma angústia desmedida por eu próprio me sentir impotente face ao sofrimento destes abandonados.
Noites de Inverno, num frio indescritível, vê-los assim…
Embrulhados em papeis de jornais, deitados numa cama feita de cartões, tentando dormir ao fundo das escadas do metro, de ossos tremendos do frio,
de gemidos e dentes tilintando uns nos outros, com o corpo enrolado na posição fetal… são estes bebés do mundo a quem nós damos o epitáfio de Os Sem Abrigo.

Nesta Quadra de Natal, em todas as Quadras do Natal, não sinto, nunca senti alegria, nem compreendo como alguém pode sentir… ignorando este e outros mundos desoladores.
Os sorrisos, as festas, os egoísmos, de indiferença pelas almas pelas quais passamos…

… um dia teremos o mesmo destino em todos os meses do ano, e não falo em Deus… mas na nossa consciência todos os segundos do tempo que nos fará sentir o carrasco das nossas almas.

Um Bom Natal para todos.

Um Bom Natal para ti, minha querida mãe.
















domingo, 13 de novembro de 2016

NÓRDICOS





NÓRDICOS





Anda tudo ao desalinho…
e depois nas trevas piscantes,
se existe… onde há vida?

Como um pião quando cai do giro,
se a Terra pára no seu movimento…
amanhã haverá um novo dia?

O tempo congela a luz no firmamento.

Será um cinza novo...
depois um novo dourado…
com um eu humanizado,
inventará um novo povo?




De
 "Confidências De Um Livro"
















terça-feira, 11 de outubro de 2016

ESTAMOS SÓS





ESTAMOS SÓS






Estamos sós… longe da vida, como nós. 
A distância é o infinito, e o tempo reduzido tanto na idade do ser como na do desconhecido.
Este estar não é saber?
É sentir a realidade, sentindo que os nossos olhos vêem verdade, um olhar à nossa volta… os estranhos que somos além, dentro sós… numa fuga, esquiva apoplexia.

Ninguém nos acode do vento, a poeira nos sacode… se interiormente somos o vómito vazio das estrelas, poeira cósmica de nossos corpos à descoberta, o mistério de todas as células, o derradeiro isolamento.
Sobre-Humanos estarão perto. 
Virão ao encontro, outros... numa perpétua luz radiante.

Mundos mirabolantes nascerão na rota do arco-íris em florescentes pontifícios.
Erguer-se-ão estradas imponentes… por entre portais do tempo se edificarão.  
E os únicos parecidos connosco em todo o Universo, serão Corpus Memoriem… e nós sobreviventes espirituais, robôs de nossos atos, automaticamente perdidos mortais.




LIVRO 2
/Confidências de Um Livro/