domingo, 12 de janeiro de 2003

AMOR ETÉREO





AMOR ETÉREO





Quem sente
a voz do silêncio?
Ama.

Tingida amada
de sangue
marcado para sempre!
Proclama.

Imprime como o vento
Sinal d’alma
tão exangue

A cor do sentimento
inscrito eternamente
porque sente sempre 
quem ama.


















sábado, 28 de dezembro de 2002

MEUS PASSOS








MEUS PASSOS






Meus passos são cópias de asas,
que levitam nos meus sonhos
como voos encantados.


Quando acordo…
rodopiam sonhos reais demasiados…


Ao adormecer,
são sonhos da realidade
com as asas dos meus passos.

















terça-feira, 12 de novembro de 2002

O DUO VERÃO







O DUO VERÃO






Quando a noite de verão vem, é noite no céu e na Terra. 
Escuro nos dois lados, sai fictício das trevas… a outra parte para lá caminha por caminhos entrosados.

Por entre maravilhas, parece um quadro... nenhum pintor conseguiu ainda borrar, não se sabe de que lugares são, se têm lugar… reflectido na noite de luar, aquele igual ponto naquele mesmo brilho, sombra nas águas, espelho do mar.
Se no solo cor cinzento alguma estação poisa na cara do verão, há reflexos de sobreavisos, corais de calor experimentando o gelado verão lá do alto 
Como montanhas russas se cruzam entrecortados, debaixo e por cima. 


Não sendo dia nas nebulosas manchas clarão, se querem mudar de verão.
É noite lá no alto parecido com o branco mais negro, ao mesmo tempo alvo denso, na imaginária troca de posição. 


Com asas de cometa rasgando céus por entre candeeiros de rua, se atraem pela luz ultravioleta. Como abelhas em volta do mel fazem capicua, tochas acesas por entre a sombra amarela… são dois verões cheios de vida, dois lugares extremos que existem de olhares estrelados - noite e dia.

Qual dos dois o capricho… povoando o espaço de sois com mistura de olhos humanos combinados?
As cidades nos subúrbios com faróis, arredores que se transformam em corredores intemporais, uma Terra girando no ar entre os mais... e as estradas com extensões infindas de estrelas no vácuo a marear como chispas num lago universal dentro dum saco.
  














sábado, 12 de outubro de 2002

UM TIRO P’RO AR






UM TIRO P’RO AR





Sair como uma flecha
entrar como uma bala,
desaparecer depressa
era o que faltava.
 
Partiu que nem uma seta
naturalmente sem marca.
Ao sair do ar para a matéria
encontrou a peça de caça.
 
Mas o olho que a mira guiava
ao não a matar, feriu uma asa.
E a ave caiu no matagal da selva
com arbustos amortecendo a queda.
 
O caçador sofria de miopia excelsa
e em vez do pombo bravo, eliminara
da Falconidae um Falco chicquera
fora do território da sua caçada.
 
O faro dos cães de caça na refrega
revolviam entulho tudo à pressa.
Mas ali, o cheiro da merda, tapava
a visão da ave no sossego da palha.
 
Pareciam animais possuídos de raiva
farejando o cujo à vista desarmada.
Previam o pobre colmilho sem defesa
mas a cegueira do fedor era extrema.
 
O falcão sobrevia por via da caca
do excremento de animais na relva
esfregando o sangue ferido da asa
das fezes que eram mezinha certa.
 
Com elas curou as dores da fraca ala
e encontrou sustento que a salvara.
Voou ao planador céu sem estrela
abrindo suas asas coloridas de beleza.
 
Sair como uma flecha
entrar como uma bala,
desaparecer depressa
era o que faltava.
 
Voltou à sua montanha com uma presa.
Poisando no ninho que tinha no penhasco
gorjeia no bico pequenino do filho Falco
onde tinha sua cria esfomeada à espera.