sábado, 12 de outubro de 2002

UM TIRO P’RO AR






UM TIRO P’RO AR





Sair como uma flecha
entrar como uma bala,
desaparecer depressa
era o que faltava.
 
Partiu que nem uma seta
naturalmente sem marca.
Ao sair do ar para a matéria
encontrou a peça de caça.
 
Mas o olho que a mira guiava
ao não a matar, feriu uma asa.
E a ave caiu no matagal da selva
com arbustos amortecendo a queda.
 
O caçador sofria de miopia excelsa
e em vez do pombo bravo, eliminara
da Falconidae um Falco chicquera
fora do território da sua caçada.
 
O faro dos cães de caça na refrega
revolviam entulho tudo à pressa.
Mas ali, o cheiro da merda, tapava
a visão da ave no sossego da palha.
 
Pareciam animais possuídos de raiva
farejando o cujo à vista desarmada.
Previam o pobre colmilho sem defesa
mas a cegueira do fedor era extrema.
 
O falcão sobrevia por via da caca
do excremento de animais na relva
esfregando o sangue ferido da asa
das fezes que eram mezinha certa.
 
Com elas curou as dores da fraca ala
e encontrou sustento que a salvara.
Voou ao planador céu sem estrela
abrindo suas asas coloridas de beleza.
 
Sair como uma flecha
entrar como uma bala,
desaparecer depressa
era o que faltava.
 
Voltou à sua montanha com uma presa.
Poisando no ninho que tinha no penhasco
gorjeia no bico pequenino do filho Falco
onde tinha sua cria esfomeada à espera.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



quarta-feira, 11 de setembro de 2002

AS PESSOAS PRECISAM DE PESSOAS







AS PESSOAS PRECISAM
DE PESSOAS




As pessoas precisam de pessoas.
 “Sem elas, tudo se desperdiça
nada se modifica.”
Se escoa dos entes partes boas…

Que interesse tem a água e o ar?
Senão existir seres precisos
na Terra e no mar…
Se a doença extinguir os vivos?

Amor sem criaturas pensantes
ou o planeta sem habitantes
se dissipa em lixo à toa…
deserto da vida, fantasmas à solta.

Necessita sem nenhumas outras
carece a humanidade toda…
As pessoas precisam de pessoas.