sexta-feira, 12 de outubro de 2018

AUTOBIOGRAFIA POÉTICA






AUTOBIOGRAFIA POÉTICA









Meu nome por aqui, do sítio donde vim… é Vítor.
Também sou no sangue, na raiz, avoenga de Monteiro,
Neves o sobrenome familiar, descendente do genitor
Manuel companhia seguida, depois, não antes do primeiro.


Corri meio Portugal, sem destino, antes e depois do início,
desde espiritual berço secreto, segredo da tenra necessidade,
da Estremadura por aí acima, até à zona norte do Minho,
saio de Lisboa, parti da minha terra natal, original cidade.


Vivi imensas vidas numa pequenina e frágil vida
igual nas partidas, parecidas a tantas outras na terra,
diferente da vida que se espera… em tantas partes vivida
histórias diversas, corridas, verdadeiramente dispersa.


Escrevo uma história de episódios seguida
logo de seguida, conto outras histórias.
Ao princípio, pedido o nome de Autobiografia,
por fim, ordem nas minhas memórias.


Gosto de fazer garatujas poéticas
algumas estrofes de poesia
coisas simples e sintéticas
porque a ciência, é pouca mania.


Por entre pontos e vírgulas, são letras cruzadas
que de tanto cruzarem nas linhas, são confundidas.
Se repararem nos traços não têm categorias…
de escritor e livro escrito, apenas palavras amadas.


(Vitor/

https://vitormanuelneves.blogspot.com/2018/12/autobiografia-poetica.html











segunda-feira, 24 de setembro de 2018

SOMBRAS





SOMBRAS


/VILA DE MOGADOURO,
TRÁS-OS-MONTES/



As trevas do mistério não é mais que o sobressalto da mente
comprovar enigmas incríveis, que só são possíveis imortalizá-los
na realidade dos seres espirituais, fazendo a ponte entre dois
mundos opostos.




Passam ao redor da cama figuras despercebidas que aterrorizam meu olhar de criança e me fazem viver horas de horror antes de adormecer naquele sótão tão antigo… sentia o suor escorrer pelo rosto como se fosse possuído pela febre dos pesadelos.
Formas profundas dentro daquela escuridão, deambulando como fantasmagóricas almas dentro do meu mundo, estremeciam o corpo abanando como se fora uma árvore de folhas caídas, tremendo da cabeça aos pés.
Depois, aquela parede enorme, tinha ao meio uma porta pequenina que não me atrevia abrir, porque o meu temor me dizia que era dali que poderiam advir os meus maiores horrores… sentindo uma enorme vontade de abri-la, faltava-me a coragem.

A sensação de não estar sozinho é demasiado real, porque via nas trevas aberrações que só sabem viver do pavor da escuridão, que se querem acostumar à minha sombra, viver dentro dela como a única forma de andar neste mundo.
À noite, no sótão desta casa, ansiava pela claridade do dia; uma forma de me libertar do medo misterioso que a obscuridade comportava, ansiando pela normalidade diurna deste casarão.

Até que um dia… a minha curiosidade era tanta que venceu o medo. Abri a porta devagar com mil cuidados. Soltando o ferrolho, dei uns passos receosos atrás… e só vi escuridão e uma queima gelada no rosto.
Logo de seguida me arrependi, quis fechar a pequena porta, mas estava paralisado de medo que a deixei ficar aberta. E assim fiquei horas, sentado no chão, tremendo e suando de olhar hipnotizado na sua direção, à espera que de lá saísse algo assustador. Às tantas, pareceu-me ver duas bolinhas amareladas piscando de tantos em tantos segundos. Aí, meu coração acho que parou e deixei de respirar, gritando quando vi minha mãe chegando e me viu naquele propósito; fechou a portinha e disse para nunca mais a abrir.

Assim fiz, porque agora sabia que algo estava ali dentro, e porque ainda mal falava pisquei os olhos à minha mãe tentando explicar o que tinha visto, o que ela achou tanta graça que começou a rir e eu desesperado por ela não perceber.