quinta-feira, 12 de abril de 2012

NUNCA TE ESCREVI UMA CARTA DE AMOR






NUNCA TE ESCREVI 
UMA CARTA DE AMOR





Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


E esta, além do irreversível sentimento que transporto no meu peito para toda a eternidade (acontecendo nos dias mudanças que o tempo não pára), tem o significado da esperança no céu e na Terra – a gota que brotou do Universo e caiu no mar germinando em amor, em tudo que nasce para a luminosidade da criação.
Assim, caíste dentro de meu cosmos, como uma luz iluminando minha alma numa fusão metade gémea, acordando meu ser adormecido para o mundo, num novo alento e um novo sopro de fé na humanidade.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Faço-o, porque os momentos de companhia fantasma são silêncios de palavras, em que o olhar irradia paixão e o coração bate num sofrimento por não poder estar livremente, quer estejas onde não queiras e eu queira onde tu estejas.
Vou imaginar que estás agora aqui… ao ver teu sorriso de anjo abraçando meu corpo num calor abrasivo de amor eterno, querendo minha presença com a mesma ansiedade de amante em puro desejo, tentando substituir as saudades e o sentimento de quem é conivente com a junção do destino e uma grande devoção a Deus de grande resignação e sacrifício.
E sinto o vazio em tudo… estou sempre sentado na lua apoiando meus pensamentos nos batimentos da tua alma, e na forma da Terra só vejo o teu rosto adorado embelezando o paraíso com asas douradas e vestes brancas da concórdia.
Adoro-te da mesma maneira que sei não poder viver sem ti, por sentir que no espaço do tempo ele pode parar mas continuará a viver na imortalidade, cúmplice da chama que alberga nossa fórmula de amar.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Como eu gostaria de sonhar abraçado, partilhar as tuas alegrias e tristezas, rir, chorar, viver porque assim não é ar nem céu com realidade, não é ninho de passarinho nem gemido de seus bicos, não é voo de águia majestosa com suas esplendorosas asas rasgando os céus na sua missão selvagem, não é trovão precedido de chuva com respeito maldito, não é o sol com seus girassóis e raios de luz que dá cor ao nascimento de uma flor ou de uma cria, não é o mistério da noite com a tua face virada para a lua nos momentos de reflexão apaixonada, não é a natureza da terra celestial em comunhão com a natureza de nossas paixões de alma, não são as mulheres, não são homens nem Deus mais importantes que o sorriso do teu olhar, não são os mundos, a Terra ou a morte que me impedem de te amar! 
És só tu… bastaria um gesto, e logo cairia em teus braços, seria o carinho de um beijo beijando tuas lágrimas de felicidade, é a tua voz entrando no meu coração fazendo o prisioneiro de amor vivendo em teu cárcere, é a tua maneira singela e adorada posição de rainha, é a minha vontade de ajoelhar-me a teus pés e beijar tuas mãos queridas… e transparentes.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Os dias passam e apenas existem porque te amo cada vez mais, e quando se ama não se pode desligar os sentidos só com um clique porque apetece ou porque queremos simplesmente.
 Sentindo, é um Alcatraz do nosso cérebro, cela da minha vida, e a prisão de cortar a liberdade na folia do amor com sentido.
Quando receberes esta carta de amor, sentirei teu mundo de coração aberto, recebendo minha vida, como um sinal de estrela fulgente…
Agora que o fiz, sinto-me feliz.
Despeço-me, até um dia destes que seja só meu… e veja escrito pelas estrelas a palavra que me assiste do céu de teus lábios, caindo como um milagre e oiça gritar como um desejo…
Amo-te!
... a ti, que não acreditas... e pensas que vives como uma amante.

Se ninguém der a vida por ti, nunca sentirás um momento sequer o que será a eternidade do amor. E eu, vou morrer a pensar em ti, com saudades de não poder voltar, acordando com o teu raio de sol a entrar pela janela, batendo na minha cara de mármore, e o meu olhar fixo no teu Mundo.
Quando receberes esta carta de amor, recebendo meu corpo, verás que foste e serás o maior e mais profundo sentimento que alguém sentiu... a ti revelo ao Mundo o teu nome - Vida.


















terça-feira, 6 de março de 2012

GREGO DE MANHÃ CEDO





GREGO DE MANHÃ CEDO







Somos do tamanho infinito invisível dos nossos mundos… 
Como uma luz num precipício imenso, possuímos olhos profundos na dimensão que queremos, visitando lugares desconhecidos que foram inventados como impossíveis, os que sendo grandes sem alcance da mão humana - conquistamos.


Sonhamos desmedidamente sem instrução plena que nos pertencem amiúde nos profundos da consciência como bárbaros sequiosos pela fama.
Somos a extensão por onde começa e ilimitadamente nunca acaba onde interessa...
Os Universos da mente, portas que encerra, aquando da semente lançada ao despautério de um momento, pelas fraquezas da alma em prole da falsa modéstia.
...Que não há fim dos tempos que se avizinha… por não serem, existem.


Um rasto de meteorito como uma cauda de um cometa, fragmentos que provieram doutros detritos, deram origem a uma nova era dentre tantas eras que existiram... formaram biliões de astros e numa nova forma desceram à Terra, como inicio e fim da vida. 
Conhecida como única realidade daquilo que somos, por não sabermos a razão de habitarmos no imenso vazio que os nossos olhos alcançam até a um certo limite, e apenas sentir o desconhecido que nos motiva a origem das estrelas sem ninguém fixo, temos medo de ter medos que nos transformem de bestiais em bestas.
Porque andam soltos como hienas, adoramos o mistério da nossa ignorância, justificando a não-ciência, dizendo adeus à passagem dum cometa… resumindo tudo na palavra Deus. 


Claro, acreditamos no medo. 
Nascemos como interrogação do desconhecido, e dizemos tudo isso porque somos obtusos, e sem explicação credível, alimentando os fantasmas do nosso alfabetismo medroso.
Não é estúpido esta conformidade do nosso raciocínio?
E tão conveniente a quem inventa todos os princípios mundanos?
Se algo existe, e toda a gente diz quem é, e nunca ninguém viu... falso, mantém-se verdadeiro, porque há necessidade de acreditar na impossível bondade, que faz viver a estupidez e todas as conclusões aflitas.


Outros ciclos antes deste, quando o homem era cabelo, tanga e uma moca para combater à paulada o afastamento da morte… um dia era um dia, o outro podia não ser, nunca se podia saber quando se estava vivo.
Também os arautos do Reino, histórias de Reis e princesas que viveram falsas vidas, e o povo lenda viva da verdadeira Divindade, sacrificado ao sangue nobre da riqueza e devassidão, querendo ficar como imortais à custa das almas perdidas no intercâmbio da Deidade em Satã.
Tudo foi sempre assim, o que fica em cima para domínio da sua conveniência, não sabe viver doutra forma que não seja sugar os princípios da decência, e estupidificar quem vive.
Os séculos avançam, mas os sapiens são sempre os mesmos. De anjos, transformam-se em feras... coabitando com os monstros de bata e cruzes de ouro, conspurcada com o sangue da humanidade.


Num qualquer ápice se encavalitam desalmados, num sopro invisível se esfumam depois de terem sido… houve tempos em que foram uma lenda e esquisitos.
Com a eternidade da fantasia, sem morfologias de espíritos reais, brincamos, sorrimos, choramos demais… e pequenino é outro mundo que havia.
Se apontamos aos filhos da noite ligeirices, e queremos os astros como berlindes... sem esquisitices, crescemos, e os sonhos em cavernas aparecem como cascatas incertas, onde vivem no escuro de cabeças no ar e pernas debaixo, cegando o olhar da alma sem entusiasmo, e conscientes da ilusão aos poucos porque somos adultos... chatos e brutos, tão loucos!


Partimos jovens, e não falo das partidas sem voltas.
Partimos no dia em que deixamos de achar, crescemos, somos homens e esquecemos de amar… achamos tudo tão grandemente exacto, que caímos no esgoto absurdo, os caminhos cheios de buracos, e o coração de pedra forrado a chumbo, náufrago de ondas com precipícios humanamente impossível dos sítios...
Somos meninos e imaginamos... inteligentes como donos do ser, para tornar a esperança de ambos na realidade deste outro fundo…
E não podemos crescer se queremos ser maturos, porque só podemos sonhar com outros mundos gigantes... quando somos miúdos.
Crescemos, e os sonhos dissolutos, aparecem como tormentos únicos, surgem tão estúpidos!

Se não somos, porque fazemos mal ao Mundo?
Pobreza, guerras, fome…
Porque somos crescidos, chatos e brutos!




















segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A NOITE DAS DUAS LUAS







A NOITE DAS DUAS LUAS



INTRODUÇÃO
I




À volta da Terra girando nuas…
era uma noite azul
na parte frontal da lua,
no arco de trás virada para o sul…
a lua era nova e escura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra de ideias confusas
era uma noite azul inteira…
no andar superior da lua
e parte inferior lua cheia,
crescendo e minguando insegura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra como bruxas…
era uma noite azul celeste nua
no total eclipse da lua,
crescente e minguante duplamente,
inquietas mudas da lua seguidamente,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra com voltas suas,
era uma noite azul maravilhosa!



De tantas voltas a lua
andava de cabeça à roda,
com tanta volta em fuga…
ra Noite das Duas Luas.







Era uma vez Blue Moon… uma flor, minha lua azul do amor.

 Blue Moon, era uma noite da lua azul, lua do amor, o único período em que dois seres se encontram na Noite das Duas Luas e sofrem de dor, com ausência de corpos na sua presença. 

Ritual que torna um acordado e outro sepultado adormecido, quebrado se um dia o feitiço… juntar as duas luas numa lua cheia e não em separado, se dois amantes despertos, em união, como apaixonados eternos, seriam lá para o sul, o avivar da noite da lua azul… e o quebrar da maldição.

Triste destino de duas almas no vazio duma triste figura…
Sobre elas, foi lançada a danação e como uma lenda vão cumprindo a profecia no lado oculto da lua, um isolado coração. 

É que no sítio lunar, está enterrado o segredo que contém esses dois corações de sentimentos profundos, e a vontade duma voz dizer:

«… Prometam casar numa noite de lua azul, e jurem um dia sobre a minha campa numa noite de duas luas, uma lua cheia de amor, e não quebrem a promessa de amar que dá azar… e desamor com feitiços de bruxas, vos trarão morte de figuras.»



CAPÍTULO I




Blue Moon, era uma noite de lua azul, a noite das duas luas… 

Sonhei que um dia, estava sentado num dos bancos de granito de um monumento de pedra circular, não mais do que três metros a partir do centro, era uma noite de lua cheia, a noite das duas luas…
Numa das colunas, imbuído o corpo de uma mulher bela e cabelos profundos, de olhos redondos.
Eu conhecia aquele rosto não sabia donde… 

Levantei-me e esfreguei suas faces, retirando o pó que punha a descoberto mais beleza escondida.
Pareceu-me ver um piscar no olhar, mas como era noite de lua azul, logo vi que a imaginação era um desejo vivo… 

Eu amava aquela mulher não sabia donde… que noite duas luas era aquela?
Ao tentar lembrar-me fixando aquela imagem, ia acariciando suas faces. Inconscientemente pedi ao meu arcanjo Gabriel que viesse do céu ajudar-me e mais do que lembrar-me, perguntar porque era noite daquela lua?

E assim perdido nos meus pensamentos, lembro-me que antes de adormecer, me pareceu ver umas asas enormes bater…
E ao acordar a mulher de quem eu me queria lembrar, estava ali à minha frente de mão estendida, dizendo que tinha quebrado o feitiço ao esfregar suas belas faces – ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o feiticeiro do seu amor.




CAPÍTULO II




Nisto, acordei do sonho, e vi a mulher bela de cabelos profundos e olhos redondos sentada naquele banco de granito. 

Estava à espera de outra noite de luar para esfregar minhas faces naquela coluna incrustada, e novamente, logo soube quem era aquele ser amante de uma lua e outra lua ao ser amado.

De tamanho feitiço… enquanto um vive, outro sonha dentro da laje fria, depois o que vive sonha por sua vez, e quem sonha torna a viver na próxima noite da lua cheia, a noite das duas luas… enquanto um vive outro morre emparedado, estranho destino.
Aquele banco não é um sonho ou desilusão, é a espera da entrada das duas luas, da sua dor, a sonhar com dois corações pregados de paixão, de tanto amar uma cruz com tanto amor.

Predestinado para outras linhas seguidas, serão os ventos testemunhas das rectas encurvadas da vida… as paixões serão contínuas, mas o amor com todas as letras escritas, alcançarão por último duas vezes intercaladas, o sofrimento de espinhas na alma cravadas.

Será que só me resta amar sozinho e esquecer Blue Moon?
Não. Não vou receber algum destino, vou lutar… e o fim só entra se vencer toda a vontade, e não estou disposto a ceder, porque da intenção não há falecimento que me faça parar, e o momento da minha partida decido eu…  viver o instante intensamente como se fosse o ultimo, porque não sei conviver sem amar.
Ao encontro dela, vou enlaçar eternamente Blue Moon, o amor que me dá vida.




CAPITULO III




Para bom entendedor meia incompleta alma não basta, mas duas almas numa… quando se trata de dissolver o nunca, completa a graça, gera o amor com energia – é a fonte da vida enxuta, é amor sem dúvida nenhuma.
Assim é o ser da minha lua, existência que separa a vida da minha… nossa alma e sua.

Só tenho metade da minha lua no coração que subsiste, a outra metade é doutra lua que amei e já não existe…
São duas metades repartidas por dois amores com tamanha paixão… Agora já não sobra mais coração. 

É um relógio com ponteiros parado, sem batidas de permeio, um pacemaker que marca-passo, mas não sente o mundo inteiro…
O automático está avariado. Conseguirei bem-querer de novo sem este órgão?
Poderá alguém responder sim, uma vez única… afirmar ao dizer de mim, o que não quero então, que diga não… isso nunca!

Era uma vez Blue Moon… uma flor, ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o prisioneiro do seu amor.













quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TEUS OLHOS






TEUS OLHOS






I





Teus olhos é o desejo do espírito que há em ti, âmago do ser preciso, no sorriso desenhado em tua boca, é o andar à solta que me enlouquece na sua dança, as pupilas diamantes chispando fogos como teus olhos… 
Os teus olhos são lindos!
São morangos maduros à espera de ser colhidos, framboesas para sarar tristezas e salada de frutas para acalmar as grutas do fígado.
Olhos teus, é fogo no meu coração que tem Deus como chama de tua paixão.
Teus olhos são a minha assombração, são dores de olhar só para eles com o coração, são punhais cravados na alma, são dores que fazem explodir minha carne dilacerada… porque não são meus.
Teus olhos são a minha felicidade e o meu sofrimento, são ânsia de encontrar os teus frequentemente, são um viver de existir sem o teu consentimento…
Interinamente são chama que me devora por dentro numa qualquer hora e me deixa morto por fora… incipiente, como o inferno dum deus mortalmente quente.


II




Teus olhos são doces de mais, porque me fazem sonhar com entes belos e ancestrais, dizendo que posso sentir na cumplicidade do pensamento o existencial momento de dois corações batendo ao mesmo tempo.


Teus olhos são doces marotos, atrevidos e loucos quando gostam de outros olhos neófitos… por seres encarnadinhos como a melancia, pareces uma boneca menina com chupeta, saia e cuequinha. 
Noutras eras foram séculos… e agora a nova oportunidade por entre batimentos de sangue sinceros, juntar dois corpos na vontade de amar, e morrer na eternidade de paixões imortais.
 As saudades a mais, que teimam em não deixar de ser avoenga e agora passado, não passam de uma lenda. 
Corações apaixonados, por vezes aflitos do estranho amor bendito. Se dum sobejam os olhos, não embusteiam e os gestos são sinceros, há deles incontidos vislumbres de quem não consegue deter os ciúmes, mas a voz meu Deus!
Perseguem os meus…


III




Dizem sempre o que os meus deuses temem… fugir do segredo, porque meus olhos não conseguem evitar o tremer de medo… 
Há só uma verdade no meu coração e a vontade de amar como um vulcão, mas o destino teima em por no meu caminho o óbito da minha vida – é como sorte descabida, e o viver numa agonia.
Na realidade devia desistir, amortalhar o sentimento numa pedra tumular, deixar de sentir, aferrolhar cá dentro… porque só sei amar, quando devia escapar de teus olhos.


Teus olhos me perseguem furtivamente, dão sempre uma incerta esperança, prolongando a inexata ânsia, de quererem o que não querem falsamente.
Com tantas incertezas, não sei verdadeiramente o que é certo ou errado. 
Procuro convencer o esquecimento das únicas certezas, mas logo vêm teus olhos caçando sem piedade olhos meus de meus fados.
Assim que vejo teus olhos em meu domínio, arrebatado, por mais que não queira, não consigo – tu és o meu ser enfeitiçado, e a minha deusa feiticeira.


IV




Já não tenho vontade própria.
Quando batem à porta… logo vou a correr, com meus passos no ar como um poder, e sinto naquele espaço uma mão morta que não interessa apertar… 
E isso que importa?
Se dedos não agarram porque se vão embora… é que eu adormeço na cadeira e sonho a toda a hora, com pesadelos no olhar de teus olhos, e nas fibras do meu ser angustiado, vejo tua ideia como um pandemónio cravado na esteira da minha alma.


Quem me dera acordar com calma, e ver teus olhos na realidade a sonhar com os meus de verdade.
Sem comando de mim mesmo… sinto-me escravo teu, mas se disseres para me afastar, eu não hesito, nunca mais encontras meus olhos, teu coração sai de mim, mas não vai embora amor de ti.
Tentei dar-te o que existe nas estrelas de esferas douradas, parte da minha eternidade guardada para quando chegar o momento, beberes uma gota de sangue sagrado, ao seguimento da tua seiva… ser amado, e caminhares comigo pelo tempo.
Pus no teu regaço glóbulos de flores de cor vermelha para que idolatres o cálice santificado sem nenhum outro meio, o milagre que depositei em teu coração, amor no teu seio, e quando acordares… sejas sincera quando gostares, é só o que peço mesmo que não ames, e ser amiga mesmo se não amares.


V




Quem me dera ser habitante do gelo!
Meu coração por dentro, não saber o que é sentimento, gostar do belo ser, fazer amor como um cavalo branco, erguendo os membros ejaculando, o gelo a derreter ao diminuir…
E esquecer, não saber o que é sentir, muito menos sofrer e os dentes sorrindo só por ter prazer, sugando os últimos restos de seiva, com lábios e línguas num frenesim numa acesa fogueira, e depois esquecer infindas noites sem fim.
Faca espetada no coração que mata…, mas não sangra, jorra sem data, mas continua esperança. 
Pior que desligar o interruptor do Universo, desaparecendo o mundo exangue, como um vampiro à espera de beber teus olhos em taças de vermelho vivo, sugar todo o teu ser palpitante reencarnado em meu paraíso de alma, quando o amor é recíproco e vive em dois corpos como uma só vida.
É o sonho de todo aquele que ama mesmo que não seja correspondido. 


O sofrimento encarcerado como agulhas espetadas no coração não é sentimento, não é coisa que se deseje… resta a consolação de - quem ama sente, porque a verdadeira amizade também é uma forma de amor, mais pura ainda na maneira de sentir embora ausente na carne, existe o princípio e a fidelidade, um como desejo e outro com vontade de sentir esse mesmo desejo e ser infiel sem que dê por isso.



VI




Toda a claridade tem um pontinho minúsculo que inicia seu brilho indelével e visível só ao alcance do olhar humano, de quem ama e sofre por amar tanto ou por não ser amado.
O amor tem asas e só vê o que quer.
Lá da alta procura, procura… vive só para ir ao encontro da chama que dá vida ao seu ser, e falece por dentro se não a encontra na sua busca, com uma dor alucinante que põe num estado indescritível parecido com o fim, quem sente assim desta forma. 

Não sei bem o que é porque ainda não caí… mas sei sem saber que estou quase lá, sem vontade de aparecer ao olhar do mundo como ser vivo… que preciso de teus olhos para continuar a viver, única forma de continuar, de que ainda não cerro e ainda existo. 
Embora saiba que já não tenho força, não compreendo porque espero partir… por não poder passar sem teus olhos?
Ou por não poder viver sem ti?
Posso?
Talvez, mas… deitado numa salva de prata... embalsamado juntamente com tua alma.

Creio que não posso viver sem teu espírito, enquanto estiver neste estado latente porque minha existência já não me pertencia… e agora sinto-me vivo dentro da morte.



VII




Em teus dentes perfurantes acabaste de sugar restos de sangue como um ser empírico, e em vez d’asas xenófoba, duas vezes em vez duma, esvoaças pela janela da lua naquele brilho de alma póstuma. 

Vais pela vidraça não existida e apareces danada como uma vampira.
Meu corpo exangue nunca sentiu esta hipnose… numa sonolência em droga pura, noutra linha da vida por outra porta curta, aquando do primeiro grande amor … pensava eu nunca mais ter alguém dentro de mim assim. 
Engano surpreendente… como o amor pode ser renascido e a chama ir redobrada em ação, vivido, ao renascer diretamente do coração, para outro sentido do mundo.
E o que há antes deste… este, será para sempre injusto.


VIII




Os olhos não mentem… acho eu, não sou dono da certeza.
E os teus, sempre disseram há anos que são iguais aos meus, são dois espíritos que se amam e eles entendem-se porque gostam um do outro.
Não adianta submeter um a dizer que são amigos.
São amigos nos corpos, mas as almas amam-se.
Esse amor vem de outro mundo, e se conhecem há séculos… quando os corpos descarnam eles procuram-se como íman conjunturais, porque são amantes imortais.
O amor está nos corações e os olhos sentem quando se olham…
Os olhos não mentem, amam.
Têm chama e chamam pelos olhos.
Os teus olhos vêem isso nos meus porque desejas inconscientemente esse amor…
Sei, tu sabes que os teus olhos são amantes dos meus e como todos os olhos têm ciúmes se sentirem que alguém se quer apoderar deles.
A minha alma é tua, a minha vida é tua, os nossos corpos são amigos, o meu amor é teu, eu dou-te tudo…, mas os teus olhos são meus, porque os olhos não mentem.
Se ao chorares pensas que estás com pena de mim… é de ti a tua pena por perderes meus olhos e nunca mais os encontrares no teu mundo. 

Medo de perder, partir sem te conhecer, nunca mais há duas vezes.
Neste só se vive uma vez, no outro é para
sempre.