quarta-feira, 12 de outubro de 2005

ALFACINHA






ALFACINHA



Sou natural de Lisboa, terra dos meus amores.
Da minha varanda virada para o Tejo
aqui nasci espírito impregnado de dores,
vivi casos com pecados meus de olhar cego.

Sou o que se pode chamar, um breve alfacinha
sócio da Colectividade 1885 do 3 de Agosto,
natural do 1º - setenta e sete, em Marvila,
e amante do palco, teatro da vida imposto.
  
Perdido na noite de luxúria e devassidão
apaixonado do Cais do Sodré e Bairro Alto,
entreguei-me à primeira concubina ali à mão.

Provador da noite, no interdito calor das vidas,
de dia um cidadão comum, do bairro sossegado,
uma cara à face da lei, noutras proibidas.



















segunda-feira, 12 de setembro de 2005

O OPERÁRIO





ALHANDRA - COPAZ  & IBEROL/
/PORTO ALTO - INCOMPOL/

   


O OPERÁRIO


Jazem os al-khuarismi
no catálogo da usina...

Operários escravos da moda,
bípedes da manufatura
no seu cativeiro de artífices.

Andam, falam bip, bip…
Assobiam bips…
Pensam no modo bip.

Vegeta o pobre
encéfalo normal, robô?

Ao que chama a si próprio:
 “Mec”.

E a tudo diz –
Bip! Bip!




















quarta-feira, 3 de agosto de 2005

OIÇA (Para Vony)

 


OIÇA 

(Para Vony)







Para você que ama?

Oiça!

/Todo mundo sofre!/
À noite sozinha

sinta chorando,
guarde sempre no coração.

 

Para você minha consorte
Às vezes…

 Todo o mundo sonha!

Pensando no amar

ao ouvir amando
todo mundo sofre!

Puro, são.

Oiça!

Pensando nessa chama
que queima e sangra...

Oiça…

Pensando em mim

soluço pensando em si.

Oiça!

 Quem tanto amor mostra
não desista do ser amado

às vezes está tudo errado

pois, todo mundo chora.

 

/Vitor/