ATÉ
UM DIA DESTES
Esperar o quê? De que
outras vias?
Não espero nada das
vidas
mesmo que ouça gritos
de mãos estendidas,
eu já perdi tudo…
não tenho nada, de
tantos suspiros,
nem a voz do meu
mundo.
Esperar o quê duma voz
amiga?
se ela existe passou
ao lado,
o mundo de cada um é
tudo
e do suposto amigo –
nada.
Nesta hora perdi o
mundo
e no meio das flores
adormecida
meu universo, minha
mãe querida.
Não espero, não sou
insensível,
mas por mais que
queira dar
eu perdi quem mais
queria amar,
a dor é impossível
dolorosamente acesa,
não preciso da culpa,
da pena,
mas da minha mãe
inesquecível.
Esperar o quê dos
caminhos?
Já nenhum faz sentido,
perpétuo, imorredoiro,
frio…
já só a laje de
mármore vazia
à minha espera da
vida,
o encontro dos
espíritos
o filho ao encontro da
mãe querida.
Só nesse dia minha
alma descansa
eternamente feita
esperança,
beijar no seu leito as
lágrimas
de felicidade e
florida cor
por estar juntas
nossas almas
poisando-lhe no regaço
uma flor
para sempre abraçados
com amor.
Esperar o quê… já não
faz sentido,
não sentir o seu calor
o seu maternal amor
não a ver ao vivo…
eu já perdi tudo
o olhar aquecido,
o meu mundo.