domingo, 6 de maio de 2012

DESABAFO 1º & POLITIQUICES RASCAS







DESABAFO 1º
&


POLITIQUICES RASCAS
I




Pensando na elite - essa cambada à parte de outras classes… privilegiada num planeta às avessas de pernas p’ro ar, bajulando os populares com enredos e discursos de promessas vãs, cujo ofício é apenas palrar para espantar politiquices de outros espantalhos, cuspindo saliva para facções doutra área nas bancadas, originadas pela raiva e desprezo nas palavras, com a finalidade de atingir o poder nas conquistas de novos tachos.
Não sei porquê… veio-me logo à ideia os milagres dos Cristos do nosso tempo – os Políticos.
 
 


Em Lisboa, descaradamente em Assembleia lá dentro,
encontram-se tantos palhaços mentirosos com sorrisos.
Não é difícil acreditar, nestes aldrabões de S. Bento.
Acusam-se de mentir uns aos outros como políticos.
 
 




Naturalmente, governar é um acto tresloucado e irresponsável, porque todo o mundo passa mal… e não há ninguém que acabe com essa raça de parasitas em Portugal.
Estou a falar dos maus governantes, os sem escrúpulos, que prometem tudo nas campanhas eleitorais e depois…
Depois aqueles gajos viram o bico ao prego! 
 
 
Não fazem nada do que anunciam e é mais um perdido século.
E nós arraia-miúda?
Como uns burros… pagamos os nossos impostos para eles não fazerem chavo e fumarem grandes charutos com bocas de chaminés e caras de sapo.
É pá! Que porra esta!
Isto é que vai uma crise!... 
 
 
Chafurdamos na merda das palavras oportunistas, com a exclusividade de fortalecerem a facção partidária, metendo o povo num saco ditatorial... com leis à moda do patronato para não abrirem muito o bico.
Por isso, nós que estamos entalados como sardinhas em latas, os chamamos de políticos merdosos… uns cabrões mentirosos!
Mas não deixamos de estar sempre refundidos!



II
 
 



Políticos é isso mesmo… sentadinhos nas suas cadeiras a brincarem nos computas como miúdos viciados em jogos, gastando telefonemas ao estado à custa do orçamento… onde a arquitectura delineada marcou encontro com alguma amante do trabalho com o ar mais sério do mundo.
Depois é vê-los a coçarem o cú aborrecido de tanta hora sentados, sentindo a dita comichão provocada pelas hemorróidas… a rirem-se sem graça feitos pierrôs, fazendo que ouvem e não prestam patavina nenhuma, e o que fala da tribuna apregoa e desespera… de quem fala para o boneco… e não diz coisa com coisa, não se percebe o ladrar imitador do cão Pluto que é tão bruto e tão burro!
 
 
Tanta criança a morrer de fome pelo planeta afora!
Tanta miséria pelos Continentes de olhos sem chama, e estes fantoches usando as nossas vidas, riem-se uns dos outros, tornam o destino um circulo cómico porque não lhes falta nada.
Têm tudo.
Ao serem inconscientes fazem pouco do mundo!
 
 
E naquele “Circo” o que eles se divertem, um ou outro a dormir… porque aquilo dá mesmo sono – é aborrecido, que chatice!
A preguiça é tanta, que vai do Rossio pela Avenida ao abrir a boca até ao túnel do Marquês, sem preocupação de quem vê outras vezes, e muito menos sem vergonha.
 
 
E há sempre um olho duma voz popular que está atenta e diz: 
 
 
Olhem para aquilo… está quase a bater com os cornos na mesa!
São noites perdidas sabe-se lá onde… com coisas do cabrão, e o país a ver esta merda pela televisão!
Se aquele coiro fosse meu marido, ia marrar num estábulo com a cornadura partida, que era para ele aprender a vir para casa a horas decentes!






III



Em tempo de eleições vale tudo para caçar o voto.
Oferecem o mundo e hipotecam a alma… um pouco parecido com o Natal – a pena dos pobres uma vez por ano existe,  e como um acto anormal passa a ser natural.
O que interessa a estes espíritos é a publicidade, promessas, mentiras e falsidades.
Como todo o mundo diz, o maior mentiroso na Terra é o político, e como toda a gente conhece o adjectivo, ele pode ser conjugado nos tempos todos do verbo como uma coisa da moda, elegante e normal. 
 
 
Já se viu alguém enriquecer a trabalhar?
Está para nascer o primeiro presidente da câmara com azar.
O crime compensa!
Pequenino que rouba vai preso e é um malandro.
Ladrão que é grande, fica na condicional, depois é solto da sentença. Vai viver com o produto do engano o resto dos dias, e esse é o crime por roubar.
 
 
Está visto!
O mundo é da sacanagem política.
O povo é a isca… 
 
 
Afinal, para que serve a politica?
Para os deputados ao fim de dois mandatos (10 anos) ficarem com uma pensão vitalícia… imaginem, perto de 5000 euros!
E os desgraçados do povo... aqueles meia-leca, rotos e famintos, aqueles homens que trabalharam uma vida inteira… com umas míseras centenas de euros de reforma? 
 
 
Nós somos livres e não temos nada, a não ser o ar e a voz cansada.
Eles são democratas e têm tudo só por serem políticos.
E também porque se preocupam fingidamente com o mal alheio, verdade seja dito.



IV
 
 



Pessoalmente sou contra as greves, mas que formas de luta há?
Uma nova Revolução… mas desta vez com corpos marcados pelo genocídeo popular sequiosos de vingança?
 
 
Eu vivi a Revolução do 25 de Abril na carne com 17 anos e fiquei orgulhoso dos cravos em vez de sangue… mas sob a máscara da ditadura ou democracia acaba sempre para ir parar à mesma gamela.
Só os nomes é que mudam, e os homens que têm tudo são os que nós sabemos e deixamos andar. Somos um povo igualzinho aos burros, mas ainda mais burros que os próprios burros porque nem zurrar sabemos e é desses que eles gostam.
 
 
Com 17 anos de idade vividos em Trás-os-Montes, e lutando pela liberdade em comícios pela zona norte toda, a mais difícil e perigosa porque a minha bandeira era um foice pertencente à UEC., e participando nos piquets do 28 de Setembro toda a noite com uma fogueira, uns chouriços assados, umas metralhadoras e umas pistolas… estava preparado para defender o meu país do retorno do fascismo, fosse ele qual fosse.
Hoje, perguntaria – para quê?
Para solidificar uma democracia de compadrios… ?
 
 



Há tantos burros mandando 
em homens de inteligência
que às vezes fico pensando 
que a burrice é uma Ciência.

 
 
(Ruy Barbosa)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

NUNCA TE ESCREVI UMA CARTA DE AMOR






NUNCA TE ESCREVI 
UMA CARTA DE AMOR





Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


E esta, além do irreversível sentimento que transporto no meu peito para toda a eternidade (acontecendo nos dias mudanças que o tempo não pára), tem o significado da esperança no céu e na Terra – a gota que brotou do Universo e caiu no mar germinando em amor, em tudo que nasce para a luminosidade da criação.
Assim, caíste dentro de meu cosmos, como uma luz iluminando minha alma numa fusão metade gémea, acordando meu ser adormecido para o mundo, num novo alento e um novo sopro de fé na humanidade.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Faço-o, porque os momentos de companhia fantasma são silêncios de palavras, em que o olhar irradia paixão e o coração bate num sofrimento por não poder estar livremente, quer estejas onde não queiras e eu queira onde tu estejas.
Vou imaginar que estás agora aqui… ao ver teu sorriso de anjo abraçando meu corpo num calor abrasivo de amor eterno, querendo minha presença com a mesma ansiedade de amante em puro desejo, tentando substituir as saudades e o sentimento de quem é conivente com a junção do destino e uma grande devoção a Deus de grande resignação e sacrifício.
E sinto o vazio em tudo… estou sempre sentado na lua apoiando meus pensamentos nos batimentos da tua alma, e na forma da Terra só vejo o teu rosto adorado embelezando o paraíso com asas douradas e vestes brancas da concórdia.
Adoro-te da mesma maneira que sei não poder viver sem ti, por sentir que no espaço do tempo ele pode parar mas continuará a viver na imortalidade, cúmplice da chama que alberga nossa fórmula de amar.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Como eu gostaria de sonhar abraçado, partilhar as tuas alegrias e tristezas, rir, chorar, viver porque assim não é ar nem céu com realidade, não é ninho de passarinho nem gemido de seus bicos, não é voo de águia majestosa com suas esplendorosas asas rasgando os céus na sua missão selvagem, não é trovão precedido de chuva com respeito maldito, não é o sol com seus girassóis e raios de luz que dá cor ao nascimento de uma flor ou de uma cria, não é o mistério da noite com a tua face virada para a lua nos momentos de reflexão apaixonada, não é a natureza da terra celestial em comunhão com a natureza de nossas paixões de alma, não são as mulheres, não são homens nem Deus mais importantes que o sorriso do teu olhar, não são os mundos, a Terra ou a morte que me impedem de te amar! 
És só tu… bastaria um gesto, e logo cairia em teus braços, seria o carinho de um beijo beijando tuas lágrimas de felicidade, é a tua voz entrando no meu coração fazendo o prisioneiro de amor vivendo em teu cárcere, é a tua maneira singela e adorada posição de rainha, é a minha vontade de ajoelhar-me a teus pés e beijar tuas mãos queridas… e transparentes.


Nunca te escrevi uma carta de amor 
com todo o amor de meu coração!
Nunca por não ter uma razão!
Mas por sentir a queima deste ardor.


Os dias passam e apenas existem porque te amo cada vez mais, e quando se ama não se pode desligar os sentidos só com um clique porque apetece ou porque queremos simplesmente.
 Sentindo, é um Alcatraz do nosso cérebro, cela da minha vida, e a prisão de cortar a liberdade na folia do amor com sentido.
Quando receberes esta carta de amor, sentirei teu mundo de coração aberto, recebendo minha vida, como um sinal de estrela fulgente…
Agora que o fiz, sinto-me feliz.
Despeço-me, até um dia destes que seja só meu… e veja escrito pelas estrelas a palavra que me assiste do céu de teus lábios, caindo como um milagre e oiça gritar como um desejo…
Amo-te!
... a ti, que não acreditas... e pensas que vives como uma amante.

Se ninguém der a vida por ti, nunca sentirás um momento sequer o que será a eternidade do amor. E eu, vou morrer a pensar em ti, com saudades de não poder voltar, acordando com o teu raio de sol a entrar pela janela, batendo na minha cara de mármore, e o meu olhar fixo no teu Mundo.
Quando receberes esta carta de amor, recebendo meu corpo, verás que foste e serás o maior e mais profundo sentimento que alguém sentiu... a ti revelo ao Mundo o teu nome - Vida.


















terça-feira, 6 de março de 2012

GREGO DE MANHÃ CEDO





GREGO DE MANHÃ CEDO







Somos do tamanho infinito invisível dos nossos mundos… 
Como uma luz num precipício imenso, possuímos olhos profundos na dimensão que queremos, visitando lugares desconhecidos que foram inventados como impossíveis, os que sendo grandes sem alcance da mão humana - conquistamos.


Sonhamos desmedidamente sem instrução plena que nos pertencem amiúde nos profundos da consciência como bárbaros sequiosos pela fama.
Somos a extensão por onde começa e ilimitadamente nunca acaba onde interessa...
Os Universos da mente, portas que encerra, aquando da semente lançada ao despautério de um momento, pelas fraquezas da alma em prole da falsa modéstia.
...Que não há fim dos tempos que se avizinha… por não serem, existem.


Um rasto de meteorito como uma cauda de um cometa, fragmentos que provieram doutros detritos, deram origem a uma nova era dentre tantas eras que existiram... formaram biliões de astros e numa nova forma desceram à Terra, como inicio e fim da vida. 
Conhecida como única realidade daquilo que somos, por não sabermos a razão de habitarmos no imenso vazio que os nossos olhos alcançam até a um certo limite, e apenas sentir o desconhecido que nos motiva a origem das estrelas sem ninguém fixo, temos medo de ter medos que nos transformem de bestiais em bestas.
Porque andam soltos como hienas, adoramos o mistério da nossa ignorância, justificando a não-ciência, dizendo adeus à passagem dum cometa… resumindo tudo na palavra Deus. 


Claro, acreditamos no medo. 
Nascemos como interrogação do desconhecido, e dizemos tudo isso porque somos obtusos, e sem explicação credível, alimentando os fantasmas do nosso alfabetismo medroso.
Não é estúpido esta conformidade do nosso raciocínio?
E tão conveniente a quem inventa todos os princípios mundanos?
Se algo existe, e toda a gente diz quem é, e nunca ninguém viu... falso, mantém-se verdadeiro, porque há necessidade de acreditar na impossível bondade, que faz viver a estupidez e todas as conclusões aflitas.


Outros ciclos antes deste, quando o homem era cabelo, tanga e uma moca para combater à paulada o afastamento da morte… um dia era um dia, o outro podia não ser, nunca se podia saber quando se estava vivo.
Também os arautos do Reino, histórias de Reis e princesas que viveram falsas vidas, e o povo lenda viva da verdadeira Divindade, sacrificado ao sangue nobre da riqueza e devassidão, querendo ficar como imortais à custa das almas perdidas no intercâmbio da Deidade em Satã.
Tudo foi sempre assim, o que fica em cima para domínio da sua conveniência, não sabe viver doutra forma que não seja sugar os princípios da decência, e estupidificar quem vive.
Os séculos avançam, mas os sapiens são sempre os mesmos. De anjos, transformam-se em feras... coabitando com os monstros de bata e cruzes de ouro, conspurcada com o sangue da humanidade.


Num qualquer ápice se encavalitam desalmados, num sopro invisível se esfumam depois de terem sido… houve tempos em que foram uma lenda e esquisitos.
Com a eternidade da fantasia, sem morfologias de espíritos reais, brincamos, sorrimos, choramos demais… e pequenino é outro mundo que havia.
Se apontamos aos filhos da noite ligeirices, e queremos os astros como berlindes... sem esquisitices, crescemos, e os sonhos em cavernas aparecem como cascatas incertas, onde vivem no escuro de cabeças no ar e pernas debaixo, cegando o olhar da alma sem entusiasmo, e conscientes da ilusão aos poucos porque somos adultos... chatos e brutos, tão loucos!


Partimos jovens, e não falo das partidas sem voltas.
Partimos no dia em que deixamos de achar, crescemos, somos homens e esquecemos de amar… achamos tudo tão grandemente exacto, que caímos no esgoto absurdo, os caminhos cheios de buracos, e o coração de pedra forrado a chumbo, náufrago de ondas com precipícios humanamente impossível dos sítios...
Somos meninos e imaginamos... inteligentes como donos do ser, para tornar a esperança de ambos na realidade deste outro fundo…
E não podemos crescer se queremos ser maturos, porque só podemos sonhar com outros mundos gigantes... quando somos miúdos.
Crescemos, e os sonhos dissolutos, aparecem como tormentos únicos, surgem tão estúpidos!

Se não somos, porque fazemos mal ao Mundo?
Pobreza, guerras, fome…
Porque somos crescidos, chatos e brutos!




















segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A NOITE DAS DUAS LUAS







A NOITE DAS DUAS LUAS



INTRODUÇÃO
I




À volta da Terra girando nuas…
era uma noite azul
na parte frontal da lua,
no arco de trás virada para o sul…
a lua era nova e escura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra de ideias confusas
era uma noite azul inteira…
no andar superior da lua
e parte inferior lua cheia,
crescendo e minguando insegura,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra como bruxas…
era uma noite azul celeste nua
no total eclipse da lua,
crescente e minguante duplamente,
inquietas mudas da lua seguidamente,
era Noite das Duas Luas.


À volta da Terra com voltas suas,
era uma noite azul maravilhosa!



De tantas voltas a lua
andava de cabeça à roda,
com tanta volta em fuga…
ra Noite das Duas Luas.







Era uma vez Blue Moon… uma flor, minha lua azul do amor.

 Blue Moon, era uma noite da lua azul, lua do amor, o único período em que dois seres se encontram na Noite das Duas Luas e sofrem de dor, com ausência de corpos na sua presença. 

Ritual que torna um acordado e outro sepultado adormecido, quebrado se um dia o feitiço… juntar as duas luas numa lua cheia e não em separado, se dois amantes despertos, em união, como apaixonados eternos, seriam lá para o sul, o avivar da noite da lua azul… e o quebrar da maldição.

Triste destino de duas almas no vazio duma triste figura…
Sobre elas, foi lançada a danação e como uma lenda vão cumprindo a profecia no lado oculto da lua, um isolado coração. 

É que no sítio lunar, está enterrado o segredo que contém esses dois corações de sentimentos profundos, e a vontade duma voz dizer:

«… Prometam casar numa noite de lua azul, e jurem um dia sobre a minha campa numa noite de duas luas, uma lua cheia de amor, e não quebrem a promessa de amar que dá azar… e desamor com feitiços de bruxas, vos trarão morte de figuras.»



CAPÍTULO I




Blue Moon, era uma noite de lua azul, a noite das duas luas… 

Sonhei que um dia, estava sentado num dos bancos de granito de um monumento de pedra circular, não mais do que três metros a partir do centro, era uma noite de lua cheia, a noite das duas luas…
Numa das colunas, imbuído o corpo de uma mulher bela e cabelos profundos, de olhos redondos.
Eu conhecia aquele rosto não sabia donde… 

Levantei-me e esfreguei suas faces, retirando o pó que punha a descoberto mais beleza escondida.
Pareceu-me ver um piscar no olhar, mas como era noite de lua azul, logo vi que a imaginação era um desejo vivo… 

Eu amava aquela mulher não sabia donde… que noite duas luas era aquela?
Ao tentar lembrar-me fixando aquela imagem, ia acariciando suas faces. Inconscientemente pedi ao meu arcanjo Gabriel que viesse do céu ajudar-me e mais do que lembrar-me, perguntar porque era noite daquela lua?

E assim perdido nos meus pensamentos, lembro-me que antes de adormecer, me pareceu ver umas asas enormes bater…
E ao acordar a mulher de quem eu me queria lembrar, estava ali à minha frente de mão estendida, dizendo que tinha quebrado o feitiço ao esfregar suas belas faces – ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o feiticeiro do seu amor.




CAPÍTULO II




Nisto, acordei do sonho, e vi a mulher bela de cabelos profundos e olhos redondos sentada naquele banco de granito. 

Estava à espera de outra noite de luar para esfregar minhas faces naquela coluna incrustada, e novamente, logo soube quem era aquele ser amante de uma lua e outra lua ao ser amado.

De tamanho feitiço… enquanto um vive, outro sonha dentro da laje fria, depois o que vive sonha por sua vez, e quem sonha torna a viver na próxima noite da lua cheia, a noite das duas luas… enquanto um vive outro morre emparedado, estranho destino.
Aquele banco não é um sonho ou desilusão, é a espera da entrada das duas luas, da sua dor, a sonhar com dois corações pregados de paixão, de tanto amar uma cruz com tanto amor.

Predestinado para outras linhas seguidas, serão os ventos testemunhas das rectas encurvadas da vida… as paixões serão contínuas, mas o amor com todas as letras escritas, alcançarão por último duas vezes intercaladas, o sofrimento de espinhas na alma cravadas.

Será que só me resta amar sozinho e esquecer Blue Moon?
Não. Não vou receber algum destino, vou lutar… e o fim só entra se vencer toda a vontade, e não estou disposto a ceder, porque da intenção não há falecimento que me faça parar, e o momento da minha partida decido eu…  viver o instante intensamente como se fosse o ultimo, porque não sei conviver sem amar.
Ao encontro dela, vou enlaçar eternamente Blue Moon, o amor que me dá vida.




CAPITULO III




Para bom entendedor meia incompleta alma não basta, mas duas almas numa… quando se trata de dissolver o nunca, completa a graça, gera o amor com energia – é a fonte da vida enxuta, é amor sem dúvida nenhuma.
Assim é o ser da minha lua, existência que separa a vida da minha… nossa alma e sua.

Só tenho metade da minha lua no coração que subsiste, a outra metade é doutra lua que amei e já não existe…
São duas metades repartidas por dois amores com tamanha paixão… Agora já não sobra mais coração. 

É um relógio com ponteiros parado, sem batidas de permeio, um pacemaker que marca-passo, mas não sente o mundo inteiro…
O automático está avariado. Conseguirei bem-querer de novo sem este órgão?
Poderá alguém responder sim, uma vez única… afirmar ao dizer de mim, o que não quero então, que diga não… isso nunca!

Era uma vez Blue Moon… uma flor, ela era a mulher amada, enquanto a lua estiver cheia e eu o prisioneiro do seu amor.