A MÃO ABSTRACTA
Com o polegar, se abraça o indicador e o médio, capacidade de tocar o
mínimo e o anelar, maravilhosas extensões de assédio que não conseguem ficar
madraças, tal o vício do toque inquietas, impossível ficar paradas…
São o sentimento dos poetas, e a mão amada com versos… os dedos,
pergaminhos e desenhos de arquiteto que tornam belas as terras.
Os lindos dedos de mulher com anéis e pulseira que adornam carinhos de mãe,
eternas amantes como Deus quer, fiéis de alma inteira como companheiras de
bem.
As mãos que transformam a arte em fama, que nos fazem
sentir a beleza com amor, amar com chama e sem dor, ou matar na guerra!
Viver com ódio assassino!
Matar maligno, cujos desígnios são do profundo inferno
da terra… os dedos cheios de ouro calçados com finas luvas e de gestos
efeminados, segurando a bengala prateada forrada com couro e terminada em
calços dourados.
A mão que nada usa de unhas negras e calejadas, e anda de mão estendida
querendo enganar a pobreza e a fome na miséria duns cobres, triste vida e almas
sem nada.
A Mão Abstrata - mago do cosmos, chega na hora exata… parece magia.
Uma pintura de Picasso com traços tortos e o decifrar misterioso do enigma,
dão àquele punho o carimbo do artista…
Traça uma mancha preta imensa, tão negra que parece não ter fim de tão
densa, com cubismos brancos e um rasto de tinta aos solavancos, cria um espaço
que mete medo…
Umas formas redondinhas como sistema, um azul do
planeta e uma cor laranja solar estorricado pelo segredo…
Sobressai um azul mar e um azul luar ao aumentar o
azulado, dá a luz incidindo na criatura e logo outros traços arrebatados trazem
espécies aos saltos com pintinhas como luas…
Naquele borrão dos dedos e unhas… inventa um Deus no
cimo com uma cara… põe-lhe um título de gesso a descoberto… escreve A Mão Abstrata
– Universo.