O DIA DA PARTIDA
Que mais se pode intrometer?
Vasculhar, varrer o sangue, sução,
enxaguar a alma para não a perder
amargar até à própria extinção…
Um dia de cada vez a falecer,
repetir o conhecido impossível…
Branqueando a existência
extinto a toda a hora
só tormento incessível
Que venha tumba em alçapão
profunda insipiência,
de bom grado desabrigo mundo fora.
Quem queres Deus na tua crucificação?
Fraco destino é deixar indo
mas porquê toda a vida morrer…
não chega o dia da partida?
Tristeza inútil tão vazia
de infeliz nunca sorrindo
quem está pronto a ceder sempre
Vem buscar rosto infindo
desmerecer partir morrendo
toda a partícula em sol poente,
Necessitado carrasco, atrás…
isento deste mundo, agenceio a paz;
Leva-me contigo rosto horrendo
é-me indiferente tua companhia
desde que morra e não sinta…